A direção de arte enfim se deu conta pela prestigiada Maria Célia Di Bernardi, que nos cedeu uma entrevista exclusiva sobre a sua vasta experiência em produções independentes.
COMO FOI SUA EXPERIÊNCIA NA DIREÇÃO DE ARTE DO CURTA “SE EU MORRESSE AMANHÔ?
Somando dezoito produções em todas as bitolas e metragens, cada trabalho oferece uma nova possibilidade de compartilhar ou trocar idéias e experiências, estimulando pesquisa constante.
Ter participado como diretora de arte, da realização do curta 35 mm de Ricardo Weschenfelder “Se eu Morresse Amanhã” trouxe um desafio especial. Pela primeira vez em Santa Catarina foi utilizado o equipamento 2K de altíssima resolução, exigindo grande cuidado com detalhes de cenografia, figurino e maquiagem.
O entrosamento da equipe tornou fluentes e prazerosos os processos de preparação, pré-produção e filmagem.
A direção de RW desde a análise técnica do roteiro indicando diretrizes para a preparação da arte, deu liberdade e confiança para produzir com segurança e autonomia, motivando-me dedicação aos mínimos detalhes.
Produzir cenários, figurinos, objetos facilitando aos atores a melhor condição para viver suas personagens. Investigar texturas e formas e a partir da paleta de cores escolhida, oferecer à fotografia condições de explorar detalhes, profundidades e shoots , facilitando as melhores composições de quadro.
O QUE ACHA DO CENÁRIO ATUAL DO CINEMA INDEPENDENTE CATARINENSE?
Santa Catarina, comparando-se aos estados do sul teve até a criação e regulamentação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (cabe dizer,exigida e articulada pela classe cinematográfica primordialmente) produção bastante incipiente em relação à quantidade.
A criação da Associação Cultural Cinemateca Catarinense, a persistência nos objetivos, perseverança de seus fundadores Zeca Pires, Norberto Depizollatti, Maria Emília de Azevedo, entre outros, aglutinou produtores, realizadores e aficionados. A sucessão de Presidências , Daniel Izidoro e minha própria, realizando Oficinas de Cinema, abrindo espaços de relação com as produtoras comerciais, intensificando o contato com a UFSC e Unisul, culminaram com o primeiro curso superior em Santa Catarina , de Cinema e Vídeo na Unisul, sob coordenação de Zeca Pires e Chico Faganelo. Posteriormente o Curso de Cinema na Ufsc, especialmentepela determinada atuação de Mauro Pommer , provocaram produzir e pensar cinema, estimularam a produção.
O FAM, através de Antônio Celso colocou o Estado no cenário dos festivais de cinema, com suas mostras, oficinas e discussões sobre produção e distribuição.
Atualmente, temos um considerável e respeitado corpo de diretores, criação e de técnicos, um sindicato emergindo. Permitimo-nos ousadias maiores em termos de tecnologia, de produção, captação de imagem, e finalização.
Estamos realizando, embora tenhamos muito mais a fazer. Captação de recursos deixa a desejar pela pouca valorização aos nossos bons filmes. Metas a alcançar.
COMO SE DÁ A DIREÇÃO DE ARTE NAS PRODUÇÕES INDEPENDENTES?
Apesar de não ser a melhor forma de trabalhar, orçamentos baixos não me assustam. Quanto menos recursos financeiros, maiores exercícios de criatividade. Muito mais trabalho, também. Maior o desafio.
Procuro reunir uma equipe mais partícipe, aberta a investigações criativas, com conhecimento de sua área. Parceiros comprometidos com o projeto e com seu fazer, enquanto persigo a adequação ao binômio estética/narrativa.
Qual seja a linguagem entendo que a arte deve ser sutil. Quem deve brilhar é a personagem.

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