segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crônica de uma produção independente

Dia de produção é assim, correria, vou de voule. Chama a amiga da irmã, cadela da vovó, até primo distante para fazer figuração. Os atores são todos iniciantes, colegas que divulgam seu nome por um almoço e jantar. E quem fornece esse almoço e jantar é o patrocínio, aquele tão suado que aparece nos agradecimentos dos créditos finais. E pra chegar lá não é fácil. Cinema independente por aqui depende de muitas coisas. É projeto pra mais de dez anos. Viver disso: pode tirar seu cavalinho da chuva. São leis de apoio que não apóiam em nada, e quando apóiam, apóiam pouquinhoinhoinho. Ênfase para pouco: a verba é sempre curta para fazer um curta. Na maioria das vezes, tem que estar preparado para tirar dinheiro do bolso. Desde a gasolina do transporte aos equipamentos. Ah, os equipamentos! Coisa cara é aluguel de câmera, steadicam, spotlight. E os efeitos da iluminação é responsabilidade do papel machê. Toda a paleta de cores que uma papelaria pode te oferecer. Dia de gravação: frio na barriga de todos. A câmera, por menos que seja o destino da gravação, sempre intimida. Corta, faz, refaz, refaz, refaz. Atores iniciantes, lembram? Cavalo dado não se olha os dentes. Depois das gravações é que começa. Sim, edição. Corta, cola, corta, cola, corta, corrige, cola. O trabalho do editor é digno de admiração. Aliais, todos os trabalhadores do meio cultural são dignos de admiração. Pena que todo mundo esquece essa admiração. E a remuneração.

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